Desde que fui para o colégio interno, sempre dividi o quarto com algum outro garoto.

Esse ano era Michael, dividíamos um beliche no quarto, e tínhamos uma boa relação.

O único problema, era o quarto em que ficávamos.

Haviam boatos pelo colégio inteiro, que um antigo aluno havia se matado ali.

Isso sempre me incomodou, mas a direção é severa quanto a mudança de quartos.

Eis que certa noite então, eu estava dormindo no beliche de baixo como sempre, e Michael no beliche de cima.

Do nada, pude perceber que ele se movimenta, e desce a escada do beliche, e no escuro, sai do quarto.

Eu o chamo, mas ele não responde, o que eu acho estranho.

Saio atrás dele no corredor, se nos pegarmos aqui fora estaremos perdidos.

Ele abre a porta principal e sai para o pátio, pior ainda.

Falo, grito seu nome, ele não responde, ele nem ninguém.

Ele fica parado na grama, descalço, fitando o escuro.

Não tenho coragem suficiente para chegar perto dele.

Talvez ele seja sonambulo, eu poderia acidentalmente acorda-lo.

Ele se vira e caminha em direção ao quarto novamente.

Eu aliviado corro atrás dele.

Mas, eis que quando entro no salão principal que dá acesso as escadas, ele não está mais lá.

Volto correndo para o quarto, não havia mais nada que eu pudesse fazer.

Mas quando volto, Michael está dormindo na cama de cima, como se nunca tivesse saído.

Um frio toma conta do meu corpo.

Se Michael estava dormindo, quem eu segui até fora da escola?

Deito na cama e fico pensando.

Não durmo nem um minuto.

O relógio desperta, e eu, morrendo de sono me levanto para me arrumar.

Michael não.

Sacudo ele para que desperte, mas não acontece

Checo suas pulsações, Michael estava morto.

Saio correndo do quarto gritando e clamando por ajuda.

Aquilo tudo me deixou traumatizado.

Dois dias depois da morte de Michael, volto ao quarto para arrumar minhas coisas.

Finalmente consegui permissão para mudar de quarto.

Mas, enquanto arrumava minhas coisas, um bilhete estava na cama de Michael.

Estava destinado a mim.

Eu abro o envelope que o continha, e leio as seguintes palavras: “O próximo a dormir na cama de cima, é você.”